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Imposto de Renda: pobres pagam mais e ricos pagam menos | Reconsaj Noticias




Aentrega da declaração do Imposto de Renda da Pessoa FĂ­sica relativa ao exercĂ­cio de 2021 foi prorrogada atĂ© dia 31 de maio, porĂ©m mantem mais um ano de distorções profundas na tributação da renda. O sistema tributário regressivo faz com que mais uma vez os pobres paguem mais e os ricos paguem menos de imposto de renda que no ano anterior. “O modelo fiscal brasileiro aprofunda a desigualdade”, resume o auditor fiscal da Receita Federal, DĂŁo Real Pereira dos Santos, integrante do Instituto Justiça Fiscal, uma das 70 entidades que apoia a campanha Tributar os Super-Ricos.
A campanha Tributar os Super-Ricos protocolou em setembro passado, seis projetos para promover mais justiça fiscal e reduzir a concentração de renda que faz do Brasil o segundo país com maior concentração de renda do mundo e o nono mais desigual.
O movimento nacional pretende aumentar a arrecadação em R$ 300 bilhões ao ano taxando apenas 0,3% da população mais rica e destinar parte da receita às vítimas da Covid.
Governo Bolsonaro mentiu e não cumpriu promessa de aumentar isenções
O presidente Jair Bolsonaro entrou no último ano de governo sem cumprir a promessa de campanha feita em 2018, de elevar a isenção a quem ganha até cinco salários mínimos (R$ 5,5 mil na época e R$ 6.060,00 nos valores atuais). Mais de 15 milhões entrariam nesta faixa salarial de isenção caso a tabela salarial tivesse sido atualizada.
Já o presidente dos EUA, Joe Biden pediu ao Congresso no final de março que aprove a tributação diferenciada de bilionários e aumento de alíquota de imposto de renda de pessoas físicas e empresas como havia anunciado na campanha.
O democrata quer reduzir a desigualdade crescente e cessar a apropriação de renda pelos mais ricos com tributação mais justa. Na proposta, a criação de uma alíquota mínima de 20% sobre os rendimentos de famílias com patrimônio superior a US$ 100 milhões (R$ 480 milhões), entre outras mudanças.
Propostas tramitando
Entre os seis projetos da campanha brasileira protocolados no Congresso desde setembro passado para promover justiça fiscal estão acabar com a isenção do Imposto de Renda sobre lucros e dividendos distribuídos na pessoa física em vigor desde 1996, e por fim a dedução de juros sobre o capital próprio, que acabam ou reduzem muito o imposto devido pelas pessoas mais ricas do país.
Nas propostas apresentadas está a reestruturação da tabela do IRPF, elevando as alíquotas para as altas rendas e ampliar a faixa de isenção para os que menos ganham, desonerando 11 milhões de pessoas.
Além destas medidas, a campanha prevê a criação de Contribuição sobre Altas Rendas das Pessoas Físicas (CSAR) para quem ganhar mais de R$ 720 mil anuais, o que representa apenas 59 mil pessoas, gerando recursos para o financiamento da seguridade social. Também está proposta a instituição do Imposto Sobre Grandes Fortunas (IGF) das pessoas físicas, incidindo apenas sobre as riquezas que ultrapassarem a R$ 10 milhões.
A elevação das alíquotas sobre heranças e doações para até 30%, com progressividade obrigatória, também integra a Campanha, pois heranças e doações são muito pouco tributadas no Brasil, alimentando a concentração de riqueza em poucas pessoas.
A campanha prevê ainda outras medidas além das correções como elevação da alíquota da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) do setor financeiro e do setor extrativo mineral, setores que aumentaram lucros mesmo em tempos de crise econômica e de pandemia, além de revisão de isenções, combater a sonegação e elisão, desonerar empresas do Simples e aumentar a repartição com Estados e Municípios.
Privilégios aos mais ricos
Sem o cumprimento de sua promessa de campanha, Bolsonaro mantem sua preferência pelos que ganham mais, sustentando alíquotas baixas para altas rendas e perpetuando isenções.
As pessoas que ganham a partir dos R$ 1.903,98 até R$ 4.664,68 pagam alíquotas progressivas de IR que vão de 7,5% a 22,5%, conforme aumenta a faixa de renda. Dos R$ 4.664,68 para cima, todos pagam o desconto máximo, de 27,5%. E os contribuintes com altas rendas continuam tendo a maior parte dos seus rendimentos livres do Imposto de Renda.
“O governo evidencia que governa para os mais ricos. NĂŁo se esforçou para cumprir o que prometeu e poderia fazĂŞ-lo, inclusive por Medida ProvisĂłria”, observa o auditor fiscal da Receita Federal.
O atual governo também não corrigiu a tabela do IR. A defasagem acumulada desde 1996 já é de 130%. A última revisão aconteceu em abril de 2015, no segundo governo de Dilma Rousseff. Desde então, a faixa de isenção está fixada em R$ 1.903,98.
                                                                               Fonte: DOL

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