
Quase cinco décadas após o assassinato que abalou o país, o caso Ângela Diniz volta a surgir no cenário nacional.
Em dezembro de 1976, Ângela foi morta com quatro tiros disparados por seu então namorado, Doca Street, na Praia dos Ossos, em Búzios (RJ).
Esse crime evidenciou questões profundas de violência de gênero e impulsionou a discussão sobre feminicídio, termo que apenas mais tarde viria a ser amplamente reconhecido.
Ângela havia iniciado um relacionamento com Doca poucos meses antes de ser assassinada. Amigos dela relataram que o então companheiro tinha crises de ciúmes e a impedia de sair. O crime ocorreu após uma suposta discussão entre os dois.
O caso não apenas expôs o machismo estrutural da época, mas também fomentou uma onda de movimentos feministas. Durante o julgamento, Doca Street utilizou a tese da “legítima defesa da honra”, reconhecida inicialmente, resultando em uma sentença de apenas dois anos.
No entanto, a pressão social levou a um novo julgamento em 1981, onde a pena foi aumentada para 15 anos, com Doca cumprindo apenas parte desse período.
O debate jurídico sobre a “legítima defesa da honra”
A utilização da tese de “legítima defesa da honra” foi um dos pontos centrais e mais discutidos do caso. Este argumento buscava justificar a violência cometida com base na preservação da honra do homem, um conceito que, embora descontinuado, só foi formalmente declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em 2023.
Série da HBO sobre o caso
A série “Ângela Diniz: Assassinada e Condenada”, disponível na HBO Max, tem por objetivo desmontar os estereótipos midiáticos em torno da figura de Ângela.
Orientada por uma narrativa que mescla fatos documentais e elementos ficcionais, a produção retrata Ângela como uma mulher multifacetada, desafiadora dos padrões sociais, que transitava como mãe, amante e figura de destaque na sociedade carioca da época.
Relevância do caso nos dias de hoje
Apesar dos avanços legais, os números de feminicídios no Brasil permanecem altos e preocupantes. Estatísticas indicam a ocorrência de quatro feminicídios por dia, conforme dados do Atlas da Violência.
A série da HBO Max não só reaviva discussões sobre a violência contra a mulher, mas também chama atenção para as lutas contínuas por direitos e justiça.
O caso Ângela Diniz, hoje, é um símbolo de resistência e transformação social. A série, lançada no último dia 13, com seis episódios, estimula o público a refazer os passos dessa história, refletindo sobre seu impacto. Fonte : Crusoe
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