Adriano Felipe: "O que Lula está fazendo é quase uma revolução"




Em uma entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, da TV 247, o pensador marxista Adriano Felipe, do canal Reflexões Contemporâneas, analisou o governo Lula sob uma perspectiva crítica e pragmática. Para ele, os avanços promovidos pelo governo, especialmente em termos de distribuição de renda e combate à pobreza, representam uma forma de "revolução". Porém, ele sublinhou que, embora esses progressos sejam significativos, não se tratam de uma revolução no sentido clássico, como aquelas idealizadas por figuras como Lenin ou Che Guevara.
Adriano Felipe afirmou que o governo Lula, mesmo enfrentando uma correlação de forças desfavorável, trouxe mudanças substanciais para as camadas mais baixas da sociedade brasileira. "O que Lula está fazendo é quase uma revolução", declarou, destacando que as políticas públicas implementadas durante os mandatos do PT causaram uma transformação visível na vida de milhões de brasileiros, especialmente entre os mais pobres. Para ele, o PT conseguiu alcançar resultados expressivos, como a redução da pobreza e da desigualdade, o aumento do acesso ao crédito, educação e até mesmo ao consumo, itens antes inimagináveis para as classes mais baixas.
Felipe também comentou sobre a resistência interna e externa ao governo, com destaque para o antipetismo, que ele acredita ter sido um fenômeno cuidadosamente cultivado pela elite brasileira ao longo dos anos. Segundo o pensador, o antipetismo começou a ganhar força em 1989 e se intensificou com a ascensão do PT ao poder, alimentado por discursos de medo e desinformação. "O PT foi um alvo constante de campanhas que buscavam demonizar a figura do petista, transformando-o em um 'inimigo' da ordem social", disse ele.
Sobre a crítica à falta de mudanças estruturais, Felipe reconheceu as limitações do governo Lula diante do sistema capitalista global. Para ele, a lógica do capitalismo impede uma verdadeira transformação radical, mas ainda assim, os avanços promovidos pelo PT devem ser vistos como uma vitória. "Não é a revolução de Che Guevara, mas é uma revolução que podemos fazer dentro das condições brasileiras", afirmou.
Ele também fez uma comparação com outros movimentos históricos, como o da China, e criticou a idealização de uma revolução socialista no Brasil. "A China mostra que é possível implementar políticas socialistas dentro do capitalismo, desde que haja pragmatismo e visão de resultados. O PT tem feito isso de maneira eficaz, ajustando suas políticas às necessidades do povo", disse Felipe.
Por fim, o pensador criticou o purismo ideológico de algumas alas da esquerda brasileira, que, segundo ele, acabam minando o governo Lula em vez de contribuir para avanços reais. Ele alertou para o perigo da desinformação e da militância virtual, que muitas vezes cria uma narrativa distorcida da realidade, enfraquecendo as bases políticas do governo e, consequentemente, abrindo espaço para o retorno do bolsonarismo. "Se a esquerda não reconhecer as vitórias conquistadas e continuar com um discurso purista, acabará abrindo caminho para o fascismo", concluiu.
Felipe reforçou que, para garantir um futuro melhor para o Brasil, é preciso compreender a importância da correlação de forças no cenário político atual e lutar por um Congresso mais alinhado com as pautas sociais. Ele também destacou que a luta de classes no Brasil se reflete, hoje, em como o governo Lula está conseguindo avançar em um ambiente político hostil, e isso, para ele, é um exemplo de revolução social em tempos contemporâneos. Assista:

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