Ex-presidente nĂŁo fez nada. Ă“rgĂŁo desmascarou discurso da extrema direita ao revelar ofĂcio que o presidente recebeu ainda no inĂcio do mandato alertando sobre desvios

Logo no primeiro ano do seu mandato, em 2019, Jair Bolsonaro (PL) foi alertado oficialmente sobre fraudes envolvendo descontos ilegais em aposentadorias. O aviso partiu do Procon-SP, que encaminhou um ofĂcio ao governo federal detalhando uma onda de 16 mil reclamações sobre cobranças indevidas. O esquema, descoberto inicialmente por ĂłrgĂŁos de defesa do consumidor, Ă© o mesmo que mais tarde seria revelado em uma sĂ©rie de reportagens do portal MetrĂłpoles, e que atualmente Ă© investigado pela PolĂcia Federal.
Enquanto hoje Bolsonaro e seus apoiadores da extrema direita tentam culpar o governo Lula (PT) pelo escândalo, os documentos mostram que o ex-presidente já tinha pleno conhecimento das práticas fraudulentas ainda em 2019, e optou por nĂŁo tomar providĂŞncia alguma. O discurso atual, portanto, revela-se demagĂłgico e desconectado da realidade documentada. O ofĂcio do Procon-SP desmonta por completo a narrativa construĂda pelo ex-presidente e seus aliados, comprovando que, longe de ser um problema surgido agora, as fraudes nos descontos do INSS sĂŁo antigas, documentadas e foram ignoradas deliberadamente por quem tinha a responsabilidade institucional de agir, mas nĂŁo agiu.
Fraudes já acumulavam bilhões desde o inĂcio do governo Bolsonaro
De acordo com dados da Operação Sem Desconto, conduzida pela PF, entidades envolvidas no esquema de mensalidades associativas arrecadaram R$ 6,3 bilhões desde 2019. As queixas captadas pelo Procon-SP datam de antes mesmo da posse de Bolsonaro: entre 2017 e 2019, os registros de descontos indevidos cresceram 233%, saltando de 2.269 para 7.564 casos.
Em nota, a Fundação Procon-SP foi enfática ao solicitar que o INSS e a Secretaria Nacional do Consumidor suspendessem imediatamente as autorizações concedidas às associações envolvidas. O objetivo era proteger os consumidores e revisar os critérios dos convênios firmados com essas entidades. Absolutamente nada foi feito pelo governo Bolsonaro.
Crescimento expressivo nas arrecadações reforçava suspeitas
O avanço nos valores movimentados por algumas dessas associações era alarmante. Entre 2017 e 2018, os repasses saltaram de R$ 41,2 milhões para R$ 194,9 milhões. No ano seguinte, já durante o governo Bolsonaro, chegaram a R$ 173,2 milhões.
Falhas de fiscalização e alertas ignorados
AlĂ©m do Procon-SP, outros ĂłrgĂŁos tambĂ©m alertaram o governo federal sobre as irregularidades. A Procuradoria do Paraná e a Controladoria-Geral da UniĂŁo (CGU) emitiram avisos sobre as falhas no sistema de controle. A CGU apontou que o INSS, mesmo ciente das recorrentes denĂşncias, nĂŁo possuĂa estrutura para fiscalizar os Acordos de Cooperação TĂ©cnica (ACTs), permitindo que os descontos ilegais continuassem.
Em relatĂłrio, a CGU destacou que o aumento sĂşbito nos descontos em folha, acompanhado por uma elevação nos pedidos de cancelamento, indicava fortes sinais de irregularidades e fragilidade nos controles internos do INSS. Tais falhas se intensificaram justamente no perĂodo em que Bolsonaro já tinha conhecimento documentado do problema.
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