
Em entrevista durante a divulgação do boletim médico, Luiz Roberto Leite Fonseca, diretor médico, afirmou que um andar inteiro do Hospital Rio Grande foi reservado para Bolsonaro "por questões de segurança".
"Um andar inteiro por questões de segurança, por óbvio que a prerrogativa do cargo impõe esse tipo de medida, sem nenhum tipo de prejuízo ao funcionamento do hospital. O hospital tem 330 leitos, então a gente consegue fazer essa assistência sem mudar a rotina do hospital", disse Fonseca.
Bolsonaro não está sedado e o diretor médico do hospital afirmou que "para agora, não há indicação de necessidade de intervenção cirúrgica de emergência".
"Ele não tem sinais clínicos que falem a favor de um abdômen agudo obstrutivo ou um abdômen infeccioso que impõe a necessidade de intervenção cirúrgica no momento", ressaltou Fonseca.
O diretor do hospital ainda confirmou que o cirurgião Dário Vianna Birolini, especialista no aparelho digestivo, deve desembarcar em Natal neste sábado (12) para observar o quadro clínico de Bolsonaro.
Segundo último boletim médico, divulgado na noite de sexta, Bolsonaro "encontra-se em uso de antibioticoterapia venosa e com sonda nasogástrica aberta, mantendo-se em dieta zero. Foi submetido à passagem de acesso venoso central, procedimento realizado sem intercorrências, sendo iniciada nutrição parenteral total".
Antônio Luiz Macedo
Nesta sexta-feira, em entrevista à CNN, Antônio Luiz Macedo, não descartou uma nova cirurgia e fez suspense sobre o quadro de saúde de Bolsonaro, a quem acompanha desde o episódio da facada, em 2018.
"Bolsonaro já fez comigo cinco cirurgias abdominais, três extremamente delicadas, extremamente graves, que foram cirurgias demoradíssimas, e mais duas que foram menores”, disse Macedo.
Em seguida, ele não descartou nova intervenção. “Do jeito que eu vi, como as coisas estão sendo levadas hoje, eu não descarto a possibilidade dele ter que ser encaminhado aqui para São Paulo, para que o doutor Leandro Echenique, que é o clínico dele em todas as cirurgias e eu possamos fazer o trabalho de socorrer o presidente”, afirmou.
Internação
Nesta sexta-feira (11), dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) publicou o acórdão da decisão da primeira turma que o tornou réu, Jair Bolsonaro foi internado às pressas em um hospital na cidade de Santa Cruz, no Rio Grande do Norte.
O ex-presidente sentiu "fortes dores em decorrência da facada que sofreu em 2018" e foi à emergência do hospital procurar atendimento médico.
Bolsonaro sentiu "indisposição" quando estava na estrada. Pessoas próximas teriam dito que "ele vinha sofrendo de obstrução intestinal há alguns dias". Bolsonaro está sendo transferido para Natal.
Réu oficialmente
A internação de Bolsonaro aconteceu horas após o Supremo Tribunal Federal (STF) publicar o acórdão da decisão da primeira turma, que tornou o ex-presidente e outros sete comparsas do núcleo "crucial" da organização criminosa réus por tentativa de golpe.
Com a publicação do acórdão, os réus terão cinco dias para apresentarem as defesas prévias, expondo argumentos e indicando testemunhas. Na prática, o documento dá a largada para o julgamento do mérito da ação criminal.
O acórdão mostra que a denúncia feita pelo Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet, foi integralmente recebida pela primeira turma.
Dessa forma, a decisão transformou em réus o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, o ex-diretor da Polícia Federal Anderson Torres, o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid, delator do caso, o ex-ministro da Defesa, Pualo Sérgio Nogueira, e o general Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e ex-ministro da Defesa.
Segundo o acórdão, eles responderão pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima, e deterioração de patrimônio tombado.
Bolsonaro ainda responde por ser o líder da organização criminosa golpista.
Após os réus apresentarem as defesas, as testemunhas serão ouvidas e, em seguida, acontece o interrogatório dos acusados. Será quando Bolsonaro e seus cúmplices sentarão no banco dos réus.
Em seguida, Alexandre de Moraes, relator do caso, fará seu parecer e dará seu voto. Ele também poderá pedir a inclusão do caso na pauta para que se dê a votação dos demais ministros da primeira turma.
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